O uso da inteligência artificial nas áreas de Treinamento e Desenvolvimento

O uso da Inteligência Artificial (IA) Generativa tem dado um salto exponencial e vem modificando rapidamente a maneira como as pessoas têm trabalhado. Seu uso mais simples, como escrever um email, redigir um roteiro de apresentação ou traduzir expressões já é amplamente difundido. Apesar da primeira iteração do ChatGPT foi lançada apenas em 2022, a adoção da ferramenta e seus concorrentes como o Bard do Google e o Bing Chat da Microsoft, tem sido incrivelmente rápida. No entanto, qual a participação dessa tecnologia na área de Treinamento e Desenvolvimento (T&D)?

por Sergio Agudo - Diretor GoodHabitz Brasil.

IA e aprendizagem

Em uma pesquisa recente sobre como as pessoas tem aprendido no trabalho, descobriu-se que apesar de 68% dos líderes de T&D concordarem que suas equipes estão utilizando com sucesso as tecnologias de aprendizado disponíveis, apenas 5% estavam realmente usando ferramentas de IA em fevereiro de 2023, quando a pesquisa foi conduzida. Ou seja, 95% das equipes de T&D não estavam utilizando ferramentas de IA. Mas por que esta taxa de adoção é tão baixa na área?

Existem várias razões para isso estar demorando. Embora a IA exista há muito tempo (basta pensar nos buscadores como Google, por exemplo), a área de T&D ainda está nos estágios iniciais de integração da tecnologia em geral, principalmente porque grande parte dos esforços da área acontecia de maneira offline antes da pandemia. Como todos sabemos, ela acelerou a transição para o aprendizado digital e trouxe muitos benefícios, como maior conveniência, eficiência e redução de custos.

Após o término dessa fase e com a convivência voltando ao cotidiano, as equipes de T&D tiveram que avaliar o que estava funcionando no aprendizado digital e o que não estava. Todos sabem do aumento do uso do aprendizado digital (Youtube já vem dando esse indício há anos com a quantidade de vídeos sobre "Como fazer").

A tecnologia vem evoluindo rapidamente e sua participação dentro das plataformas de T&D também, mas como manter-se atualizado em uma indústria em constante evolução? Quais são as verdadeiras novidades? Como a área vem usufruindo destas mudanças?

A inteligência artificial vem trazendo uma ampla gama de oportunidades para T&D e para as empresas, mas as equipes de aprendizado ainda precisam entendê-la antes de implementá-la. Essas tecnologias mais recentes são muito novas, e as organizações ainda estão descobrindo a melhor maneira de usá-las, com pouca orientação disponível para a área.

Existe também um desafio mais amplo de competências e o que isso significa para as organizações e áreas de desenvolvimento de pessoas. O Fórum Econômico Mundial produz relatórios regulares sobre o futuro do trabalho, como o Relatório sobre o Futuro dos Empregos de 2020, que previu que 50% das tarefas no local de trabalho serão realizadas por máquinas até 2025. Já existe uma clara falta de competências no mundo, e essa lacuna só aumentará se T&D e as organizações não se adaptarem para desenvolver as competências dos colaboradores. No entanto, nem sempre está claro como esse desafio de competências se desenvolverá ou como resolvê-lo num cenário com tantas mudanças.

Além de toda a empolgação em torno da nova geração de ferramentas de IA, também existem preocupações em relação à confiabilidade da tecnologia. Há uma ampla divulgação de ferramentas de IA com dados incertos e sem confiabilidade. As organizações querem (e precisam) saber que o conteúdo é preciso, não tendencioso e de boa qualidade, e esta falta de certeza vem afetando a adoção.

O potencial da IA no aprendizado

A IA tem muito mais a oferecer do que simplesmente o aprendizado digital unidimensional. Ela está acelerando a transição do consumo de conteúdo (ler este texto, assistir a um vídeo, ouvir um podcast...) para o aprendizado interativo e personalizado por meio de uma interface de conversação. A integração da IA no aprendizado permite que T&D aproveite os benefícios do aprendizado presencial, mas no ambiente digital. Isso possibilita que os estudantes experimentem e pratiquem estudos de conhecimentos específicos e se concentrem nas áreas que terão maior impacto em seu trabalho. Esta é uma maneira de abordar as lacunas de competências, com oportunidades de aprendizado muito direcionadas que colaboradores e organizações podem moldar às suas necessidades.

As equipes de aprendizado que hesitam em usar a IA precisam pensar nas implicações de ficar para trás. O que isso significa para a função de T&D e para as organizações? A IA veio para ficar e terá um papel cada vez maior nas rotinas. Não é uma moda passageira. Então as áreas de treinamento e desenvolvimento precisam aceitá-la em algum momento. É melhor acompanhar o fluxo do que ficar para trás. Caso contrário, T&D corre o risco de ser ultrapassado, ou, na pior das hipóteses, pode tornar-se obsoleto.

Como T&D pode avançar?

T&D precisa entender o potencial da IA. É preciso explorar as ferramentas, experimentá-las e pensar em como podem ser usadas em seu ambiente organizacional. No entanto, isso não é uma jornada que as áreas devem empreender sozinhas - deve-se procurar aqueles com experiência em IA, tanto internamente quanto externamente. Conversar com fornecedores de aprendizado para descobrir quais funcionalidades eles oferecem e por quê. Como elas possibilitam a personalização? Como podem ser adaptadas às necessidades individuais e organizacionais? E assim por diante.

Também é importante colaborar com equipes de engenharia para entender as "regras" que podem ser aplicadas à IA no contexto da experiência de aprendizado. Por exemplo, delimitar a IA para manter o estudante no tópico necessário para que não se afaste demais dos resultados de aprendizagem pretendidos.

T&D tem a oportunidade de ajudar a resolver rapidamente e efetivamente desafios de negócios, usando a IA para criar aprendizado personalizado e significativo. Agora é a hora de ser curioso, entender o potencial da IA e trabalhar com seu parceiro de tecnologia para transformar sua abordagem ao aprendizado.

GoodHabitz & IA

Aqui na GoodHabitz já utilizamos inteligência artificial em três âmbitos distintos:

1 - Personal Learning Assistent: É um especialista nos cursos da GoodHabitz que vai impulsionar o conteúdo do curso existente e aprimorar a jornada de aprendizado de seu colaborador. Esse assistente vai tirar dúvidas do seu colaborador sobre determinado tema, além de dar sugestões de como ele pode aproveitar melhor o curso.

2 - Quiz Time:  um teste interativo de 10 minutos, projetado para ajudar seus colaboradores a encontrar lacunas em seus conhecimentos atuais e ampliar sua compreensão sobre um assunto específico.

3 - Drive to sell:  Este é um exercício simulado de RPG, onde seus colaboradores serão abordados com uma conversa de negociação de vendas de carros, como parte de uma atividade de aprendizado do nosso curso 'Vendas consultivas'.

E este é só o começo. As possibilidades do uso da inteligência artificial na aprendizagem são infinitas. Entender seu potencial e como ele pode otimizar a jornada de desenvolvimento dos colaboradores é o primeiro passo dos profissionais de T&D para manterem-se atualizados e utilizando a ferramenta da melhor maneira dentro das organizações.

 

Sergio Agudo é Diretor da GoodHabitz Brazil e especialista em educação, treinamento e desenvolvimento corporativos.

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