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Cinco aspetos a ter em conta ao dar formação a uma força de trabalho multilingue

Uma força de trabalho internacional requer uma abordagem cuidadosa à formação.

30 junho 2024Blog11 min

Vivemos – e trabalhamos – numa era dinâmica na cultura empresarial. A evolução tecnológica e o ambiente competitivo incentivam as empresas a investir na formação dos colaboradores. Ao mesmo tempo, a sensação de que o mundo tem vindo a ficar cada vez mais pequeno significa que essas empresas têm maior probabilidade de contratar colaboradores de diferentes culturas e com diferentes idiomas maternos. Mas o que significa isso para os profissionais de RH e L&D? Aqui estão cinco aspetos a ter em conta ao escolher cursos de formação para a sua equipa.

1. Aprendemos melhor no nosso idioma nativo.

Embora isto seja especialmente verdade no que diz respeito ao ensino primário, é um exercício tão poderoso para os adultos que é considerado uma das melhores práticas da UNESCO para instituições de ensino. Aprender no nosso idioma nativo aumenta os níveis de compreensão e de retenção do tema. Isto não só conduz a melhores resultados e a um melhor desempenho dos colaboradores, como também contribui para um ambiente de trabalho mais dinâmico. Oferecer formação à sua equipa no seu idioma nativo pode ajudar a criar um espaço mais inclusivo, o que pode aumentar os níveis de motivação e envolvimento da sua equipa.

2. Tradução ≠ Localização

Tal como existe uma grande diferença entre uma tradução literal e uma que transmite as diferentes nuances culturais, há também uma enorme diferença entre uma simples tradução e a devida localização. Um famoso exemplo é o filme da Pixar Divertida-Mente, em que as personagens principais são as emoções de uma menina. Há um tema recorrente à volta dela que diz respeito à sua aversão aos brócolos. A Pixar traduziu o filme de forma que todos os diálogos nessas cenas tivessem um tom coloquial e não se resumissem apenas a uma tradução literal. E, mesmo assim, houve quem não entendesse.

Estudos realizados junto do público revelaram que as crianças japonesas têm tendência a gostar de brócolos, pelo que as cenas não tiveram o efeito desejado. Para localizar a cena, mudaram a imagem e a animação de forma que estas fizessem referência a pimentos, que são amplamente rejeitados pelas crianças no Japão. (Ao que parece, são colhidos mais cedo, o que faz com que sejam muito mais amargos do que os pimentos na Europa e nos EUA.)

A cena dos brócolos estava bem traduzida, mas, sem a localização, não teve o impacto desejado. O mesmo se aplica aos materiais de aprendizagem.

3. A cultura pode afetar o estilo de aprendizagem.

Há todo um campo de estudo dedicado aos métodos de aprendizagem, pelo que não é possível definir uma pessoa apenas com base no país de origem. Contudo, também é amplamente reconhecido que diferentes países tendem a ter diferentes estilos. Uma maneira simples de analisar isto é utilizando os quatro pares de características do espectro de Felder e Silverman.

Os formandos ativos retêm melhor as informações ao colocar os conteúdos em prática, enquanto os formandos reflexivos preferem pensar sobre as informações e as teorias. Há quem aprenda melhor através do diálogo, enquanto outros compreendem melhor através de elementos visuais como gráficos e diagramas. Os formandos sensitivos reveem metodicamente os dados e os factos para entender um conceito, ao passo que os formandos intuitivos preferem testar as teorias e descobrir novas aplicações. Por último, os formandos sequenciais preferem trabalhar em passos curtos e lógicos, enquanto os formandos globais preferem partir de um panorama geral e ir decompondo os factos.

Mas não são só as pessoas que se enquadram nas diferentes regiões destes quatro espectros; as culturas também tendem a gravitar em direções específicas. Por exemplo, o público alemão em geral prefere explicações minuciosas, instruções detalhadas e fontes abrangentes. Outras culturas geralmente preferem métodos de narrativa holísticos com vários elementos visuais. Todos os membros da sua equipa têm características que os tornam únicos, mas o contexto cultural determina a sua formação, o que pode afetar a forma como aprendem.

4. A localização não é uma solução comum a todos.

Um dos segredos da localização é saber quando intervir e quando deixar como está. Aqui na Europa Ocidental, temos muitos conteúdos dos EUA e do Reino Unido, mas, idealmente, não deveríamos perceber quando algo foi localizado. Por exemplo, havia um programa de televisão britânico em que uma pessoa falava de "fish and chips" (prato típico inglês composto de peixe panado e batatas fritas). O tradutor de espanhol adaptou o termo para "paelha". Noutro contexto, poderia ter sido uma correção útil. Contudo, acabou por se tornar uma incongruência num programa que falava sobre a vida inglesa.

Um exemplo mais simples de localização vem dos filmes do "Exterminador Implacável". Se os viu em inglês, é possível que se lembre da famosa frase "Hasta la vista, baby". Tecnicamente, um tradutor de espanhol apenas teria de traduzir a palavra "baby". Contudo, "hasta la vista" é uma expressão comum nos países de língua espanhola, o que faria com que a frase perdesse o sentido. Em vez disso, as versões espanholas do filme utilizam a frase "Sayonara, baby".

Até num dos cursos da GoodHabitz foi preciso adaptar uma metáfora sobre o que significa estar sob pressão. Tudo começou no Reino Unido com uma falta de um jogador durante um remate à baliza que levou o árbitro a assinalar um penalti. Sejam fãs de futebol ou não, a maioria dos ingleses está ciente da fraca reputação do seu país neste tipo de marcações. Mantivemos o diapositivo na formação do México, mas mudámos o contexto para o historial deste país de ser sempre eliminado nos quartos de final. Contudo, nenhum deles seria eficaz na Índia, pelo que mudámos a imagem e o texto para que fizessem referência ao último lançamento do críquete.

5. Descubra as necessidades da sua equipa.

Quando estiver à procura de uma nova formação, comece por falar com a sua equipa. Descubra quais são as suas necessidades em termos de idioma e de contexto cultural. Depois, encontre um prestador de serviços que possa dar resposta a essas necessidades. É muito importante para as equipas multiculturais que os núcleos de aprendizagem de cada formação se mantenham os mesmos. A única coisa que deve ser diferente são os detalhes e o modo de apresentação.

Uma boa forma de avaliar a localização de um curso é fazer um equilíbrio entre estereótipos e sensibilidade cultural. Parte-se do princípio de que tudo se aplica a todos em todas as ocasiões? Ou compreende-se que o conceito de cultura é vasto e está em constante alteração? Com que frequência se reveem os materiais para garantir que se mantêm relevantes e acessíveis? Os especialistas ainda vivem no país em questão? Em última análise, a localização é um exercício de empatia, em que os especialistas tentam alcançar o máximo número possível de pessoas dentro de uma determinada área. A sua compreensão da cultura à medida que evolui afeta profundamente a forma como o fazem.

Esperemos que este artigo lhe tenha dado algumas ideias para quando estiver à procura de cursos para a sua força de trabalho multicultural. Pode ser um pouco mais trabalhoso encontrar o fornecedor de cursos ideal para si, mas verá que compensa não só em termos de desempenho dos colaboradores a curto prazo, como também em termos de motivação e de retenção a longo prazo.

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Descubra mais ideias, dicas e truques e María Rosales no episódio do nosso podcast 'Como dominar a formação numa força de trabalho multilingue'.

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