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Novo episódio de Moving Forward sobre aprendizagem multicultural: à conversa com a responsável de localização María Rosales

Na era da força de trabalho multicultural e das traduções à base de IA, poderá estar a perguntar-se se a localização é realmente importante. Contudo, no que diz respeito à aprendizagem, há estudos que comprovam que sim – que é fundamental! O objetivo da localização não é apenas garantir que a tradução transmite a mensagem pretendida e não uma tradução literal de cada palavra. É também garantir que os conteúdos de aprendizagem são adequados ao formando. Neste episódio de Moving Forward, exploramos estas nuances com a responsável de localização da GoodHabitz María Rosales. Pode ouvir o episódio aqui ou obter as principais conclusões das suas respostas às três afirmações que lhe propusemos.

1.ª afirmação: Os conteúdos de aprendizagem em inglês são ideais para uma força de trabalho multilingue.

Na verdade, há estudos que comprovam que a melhor forma de aprender é no nosso idioma nativo. É verdade que, em muitos sítios, o inglês é o idioma internacional dos negócios. Mas isso não significa que as pessoas aprendam novos temas ou ideias com a mesma facilidade em inglês que no seu idioma nativo. Até os colaboradores que falam fluentemente inglês podem sentir que a sua atenção é desviada do tema e passa a centrar-se no idioma em que é apresentado.

"Uma das coisas que observamos é o aumento do esforço cognitivo", explica María. "O cérebro está tão focado em decifrar as palavras que deixa de ter energia para obter novos conhecimentos." María observa este fenómeno especialmente em cursos sobre competências digitais. Se o tema em si já for desafiante, o esforço adicional de traduzir pode causar maior frustração nos formandos. Isto é especialmente verdade se o vocabulário for novo ou for utilizado de maneira diferente, o que é comum nos cursos sobre competências digitais. Palavras como "affinity" (afinidade), "breadcrumb" (caminho de navegação) ou "optimization" (otimização) têm nuances digitais que podem confundir ainda mais alguém que esteja a aprender num segundo idioma.

Outro erro comum é não fazer a adaptação cultural. Nas palavras de María, "Imaginemos que está a aprender a gerir as suas finanças, mas todos os exemplos são referentes ao plano de reforma do Reino Unido. Ou então estou a dar-lhe ideias de produtos de bancos no Reino Unido. Ou os exemplos sobre quanto deveria poupar estão em libras. É natural que pense de que forma é que isto se aplica a si."

2.ª afirmação: A localização é um luxo.

"Não é de todo um luxo", afirma María com convicção, "especialmente se se pretende criar um ambiente de aprendizagem eficaz e inclusivo". A localização não se resume ao idioma. Está também relacionada com as nuances culturais. É preciso saber se os factos, os números e as citações são aplicáveis e compreensíveis para o público-alvo. Por vezes, até os elementos visuais precisam de ser ajustados para se tornarem mais compreensíveis e acessíveis a outro contexto cultural.

Um exemplo simples é um curso de primeiros socorros do Reino Unido que é enviado para escritórios em toda a Europa. O mais óbvio seria substituir as unidades do Reino Unido pelas unidades do sistema métrico. Contudo, mesmo dentro da UE, há várias leis nacionais que se aplicariam ao que é ensinado. É por isso que María acredita que os especialistas em localização não só precisam de ser falantes nativos do idioma, como também precisam de ter a mesma compreensão da cultura que um nativo.

Na verdade, o processo de localização em si é um processo de aperfeiçoamento. María explica como funciona: "Imaginemos que estamos a localizar um curso sobre o tema da saúde mental. O especialista poderá dizer que este é um tema sensível ou que temos de o abordar de forma diferente." Conforme o feedback, a GoodHabitz iria rever a formação, que depois seria enviada de volta para o especialista. "Portanto, é um circuito de feedback constante."

3.ª afirmação: A cultura cria o contexto para a aprendizagem.

Esta afirmação é verdadeira a todos os níveis. "O contexto é tudo", afirma María. "Se não compreendo determinadas referências, o conteúdo não vai ser relevante para mim. Como tal, vou deixar de prestar atenção."

O contexto cultural não é só importante em cursos sobre temas concretos como as competências digitais. É também extremamente importante ao localizar cursos sobre soft skills. Por exemplo, um curso sobre negociação tem de ser muito diferente para alguém na Índia do que é para alguém em Portugal. É um povo que está habituado a uma estrutura diferente em termos de comunicação e negociação, pelo que as diretrizes do curso devem ter isso em conta.

Os valores culturais também podem definir as necessidades de aprendizagem de cada um. Algumas culturas valorizam a aprendizagem visual em detrimento do enunciado oral. Outras preferem instruções detalhadas. Obviamente, cada caso é um caso, mas o contexto cultural pode afetar a forma como as pessoas aprendem, e isso é um fator essencial na localização.

"Há vários estudos que destacam que, no geral, existem diferenças culturais específicas", explica María. "Há pessoas que preferem aprender em grupo porque valorizam mais o espírito de comunidade, por exemplo. Há grupos que preferem instruções detalhadas, enquanto outros precisam de mais contexto."

No geral, a localização de conteúdos de aprendizagem tem como objetivo garantir que os colaboradores obtêm os conhecimentos da forma que lhes for mais conveniente para os entenderem e reterem. Num mundo em que o upskilling é tão importante, a localização torna-se então uma necessidade.

Quer ouvir o
episódio completo do podcast?

Descubra mais ideias, dicas e truques e María Rosales no episódio do nosso podcast 'Como dominar a formação numa força de trabalho multilingue'.

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