Conselhos dos nossos colaboradores LGBTQIA+
para outros membros da comunidade e profissionais de RH
Para criar um ambiente de trabalho inclusivo para a comunidade LGBTQIA+, deve ouvir as experiências dos colaboradores que pertencem a esta comunidade. Como nós também aplicamos os conselhos que damos, fomos falar com alguns colegas LGBTQIA+ da GoodHabitz. Abordámos tópicos como “criar um local de trabalho inclusivo para LGBTQIA+”, “assumir-se no local de trabalho” e “a importância das microagressões no local de trabalho”.
Dando voz à comunidade LGBTQIA+ da GoodHabitz
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Entrevistámos Asad Dhunna (apresentador da Masterclass da GoodHabitz sobre Diversidade e Inclusão), Felipe Nyland (Marketing Manager do Brasil), Kevin Lamers (Content Marketing Strategist), Linda Kilders (Senior Sales Manager da Alemanha), Nadine Pohle (Customer Success Manager da região DACH) e Robert Geerken (HR Manager).
O que vai ler de seguida são apenas as opiniões de cada um deles. No entanto, estas experiências são úteis tanto para profissionais de RH, como para pessoas LGBTQIA+ em contexto laboral.
Estes conselhos foram também incluídos no nosso “Guia do colaborador para um local de trabalho inclusivo para LGBTQIA+”.
O que é um local de trabalho inclusivo para LGBTQIA+
Antes de colocarmos mãos à obra, primeiro temos de definir o que é um local de trabalho inclusivo. Segundo os colaboradores da GoodHabitz este é “um ambiente sem preconceitos, onde a liberdade de expressão é valorizada”.
Asad: “Um local de trabalho LGBTQIA+ é um ambiente em que ninguém sente que tem de esconder quem é dos seus colegas, ou se sente forçado a assumir-se. É um local de trabalho onde as pessoas desta comunidade sentem que pertencem e onde sentem que podem falar abertamente sobre a sua sexualidade ou identidade de género sem receio de que isso possa ser usado contra elas ou levar a preconceitos". Acrescenta: “Há quem acredite que um local de trabalho inclusivo para LGBTQIA+ é um ambiente onde todos têm de se assumir. É importante terem em consideração que as pessoas só se assumem se assim o quiserem, é uma escolha.”
Felipe: “Nunca senti que tinha algo a esconder de outras pessoas na empresa. Sempre me senti confortável a ser gay, a expressar as minhas opiniões e a minha liberdade. Na minha opinião, isto é inclusão”.
Kevin concorda com o Felipe. Ele diz: “É estranho dizer isto, mas a verdade é que nós passamos mais tempo com os nossos colegas de trabalho do que com os nossos amigos ou com a nossa família. Mas é mesmo verdade. É por isso que é importante criar um local de trabalho inclusivo. Acho que isto que vou dizer é comum a todos, querer ser eu mesmo e ser eu mesmo é essencial na minha vida, simplesmente não seria feliz se não fosse eu. Se o meu local de trabalho não fosse inclusivo, eu iria para outra empresa.”
Segundo o Robert, para todos os colaboradores estarem felizes nas nossas organizações, os profissionais de RH devem colocar-se no lugar do outro, referindo que isto é fundamental para criar um ambiente inclusivo. “Tente mesmo colocar-se no lugar do outro, quer o outro seja da comunidade LGBTQIA+, portador de deficiência ou considerado muito mais velho e fazer-se perguntas como «será que estas características importam para as tarefas que têm de executar? Para as competências que devem ter numa determinada posição? Apesar de terem os talentos e diplomas necessários? Será que você próprio(a) não preferia ser julgado(a) pelas coisas que realmente importam e são relevantes em vez destes fatores?»"
Assumir-se no local de trabalho
O ato de se assumirem no local de trabalho tem uma grande importância para os colaboradores da GoodHabitz.
Assumir-se no local de trabalho não é algo que deva ser apressado
Asad partilhou connosco: “só consegui assumir-me depois de muitos anos e foi muito importante para mim deixar finalmente cair a minha máscara. Também foi importante para os meus colegas perceberem quem eu realmente era, porque eu estava a esconder uma parte de mim.”
Dhunna continua “eu e muitas outras pessoas da comunidade LGBTQIA+ estamos sempre a assumirmo-nos para outras pessoas. Isto geralmente não é sempre algo em grande, são pequenos gestos que fazemos no dia a dia.”
A reação da orientação sexual do candidato no processo de recrutamento pode mostrar se o local de trabalho é inclusivo ou não
Todos os colaboradores da GoodHabitz com quem falámos referiram a importância de serem eles mesmos no seu local de trabalho. Kevin disse-nos que, para ele, é muito importante revelar a sua orientação sexual no processo de recrutamento. “Partilho sempre qual é a minha orientação sexual nas primeiras entrevistas. Eu não digo «sou gay», mas dou dicas subtis como «vivo em Amesterdão com o meu namorado e o meu gato» ou digo outras coisas que mostram que sou gay. Se a pessoa que me estiver a entrevistar começar a tratar-me de forma diferente, sei imediatamente que aquela organização não é a ideal para mim. A reação da pessoa é muito importante para mim. Prefiro perceber como a empresa é nesta etapa do que descobrir mais tarde que a organização não aceita a comunidade LGBTQIA+.”
Robert (HR Manager) também realçou a importância das pessoas se assumirem durante a fase de entrevistas de emprego. “Digo logo qual é a minha orientação sexual. Mesmo que não me perguntem se sou solteiro ou não, eu refiro logo que sou casado com um homem.” O mesmo acontece com Felipe (Marketing Manager do Brasil): “É uma das primeiras perguntas que faço sobre a cultura organizacional quando me estou a candidatar a uma posição. Para mim, é muito importante ter a certeza sobre isto.”
O ato de se assumirem facilita a criação de relações significativas no local de trabalho
Tanto a Nadine (Customer Success Manager da região DACH), como a Linda (Senior Sales Manager da Alemanha) preferem revelar a sua orientação sexual mais tarde ou quando alguém lhes pergunta sobre os seus relacionamentos. Linda partilha: “geralmente digo logo quando conheço a pessoa. Normalmente há sempre questões sobre a minha vida privada e por isso digo-lhes.”
A Nadine ainda conta mais, “quando me perguntam se sou solteira ou não digo logo que vivo com a minha mulher e o meu filho em Hamburgo. Na verdade, muitos clientes meus também sabem que sou lésbica. Os coaches normalmente têm uma relação próxima com os seus clientes e eu não sou exceção. Desde que me assumi há 2 anos, não tenho tido nenhuma experiência negativa associada.” Isto permite facilitar a criação de relações significativas com a equipa, mas também com os clientes. "É importante sermos abertos sobre a nossa sexualidade, caso contrário torna-se complicado".
Felipe (Marketing Manager do Brasil) faz as coisas de outra forma. Ele acredita que não precisa de se assumir em grande no local de trabalho. “Não preciso de ter um grande momento em que saio do armário. Tudo depende do momento e da conversa em questão. Tento fazer isto da maneira mais natural possível, porque já não vejo isto como um problema. O problema é sempre das outras pessoas que vão assimilar e digerir a informação como bem entenderem. Se alguém me perguntar como correu o meu fim de semana, respondo sem problemas que fui com o meu namorado ao cinema ou a uma festa.”
Robert utiliza a mesma estratégia e afirma “com os meus colegas faço o mesmo. Uma das primeiras coisas que digo sobre mim é que o nome do meu marido é Alfred. Nunca digo assim diretamente «sou gay», tal como uma pessoa heterossexual não diz «sou heterossexual». Quero que tudo seja o mais natural possível. Nunca tive reações negativas a isto durante o tempo em que estive na GoodHabitz.”
As palavras importam para a comunidade LGBTQIA+
As suposições são o que criam as microagressões. Mas o que são microagressões? De acordo com a Wikipedia: “O termo microagressão é utilizado para designar comportamentos ou observações, aparentemente banais, em relação a uma comunidade e que são percebidas como depreciativas ou insultuosas. O aspeto negativo ou hostil por parte do emissor não é necessariamente intencional. As comunidades em questão são, em particular, grupos culturalmente marginalizados.” A frase "isso é tão gay" é um dos exemplos disto.
Kevin diz: “No início da minha carreira, eu mostrava um sorriso amarelo quando os meus colegas diziam coisas destas. Atualmente, tenho mais orgulho em quem eu sou e digo algo quando oiço isto. Associar características negativas ou fracas a uma orientação sexual deveria ser algo do passado, mesmo quando as pessoas não têm uma intenção verdadeira de magoar quando dizem coisas como «isso é tão gay» ou «quem é o homem ou mulher da relação?». Tenho reparado que os meus colegas têm mais cuidado com o que dizem desde que eu partilhei a minha opinião. Muitas vezes não se apercebiam que estas frases podiam ser uma falta de respeito.”
O Felipe revê-se neste feedback. Ele partilhou uma experiência do seu passado connosco: “O presidente de uma empresa na qual trabalhei alguns anos costumava dizer «isso é tão gay» em todas as reuniões. Eu via isto como um insulto e depois como uma agressão quando ele ficou a saber que eu era gay. Na altura não lhe respondi. Acho que era muito novo e não sabia como lidar com esta situação. Creio que hoje em dia teria sido diferente.”
Linda disse-nos: “Fico triste por a palavra gay ainda ser vista como um insulto. Isto já não devia acontecer em 2022. Devíamos dizer «isso é tão gay» para coisas positivas e não negativas.”
Robert concorda, mas acrescenta: “na minha opinião é importante rirmo-nos de nós próprios. Quando alguém está claramente a insultar-me ou a ser ignorante eu corrijo a pessoa em questão, mas também acho que uma boa piada nunca magoou ninguém.”
Asad conclui: “Não faça suposições. É fácil estereotipar os outros ou assumir que uma pessoa é de uma determinada forma porque é gay. Normalmente as pessoas acham que todos os gays são superfemininos. Mas isto não é sempre verdade. É importante assegurar-se de que não tem preconceitos. Tudo começa com a educação".
A GoodHabitz tem várias ferramentas úteis disponíveis para aprender e educar a sua organização para a criação de um ambiente de trabalho mais inclusivo para LGBTQIA+:
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